De Emílio Carlos
NARRADOR – Imaginem alguém que tinha tudo. E que deixou tudo para trás, ficando sem nada. E que, ficando sem nada, ganhou muito mais do que tinha antes. Essa pessoa existiu. E o nome dele é São Francisco de Assis: o homem que deixou tudo por Deus.
Francisco morava na cidade de Assis, na Itália, em 1182. Seu pai era muito rico, e Francisco tinha tudo. Era um jovem bonito, alegre, cheio de amigos. Nada lhe faltava.
Um dia Francisco caminhava por uma estrada quando ouviu uma voz.
(entra Francisco, com roupas comuns da época)
VOZ – Francisco.
NARRADOR – Francisco se assustou com aquilo e quis saber quem estava falando.
FRANCISCO – Quem é?
VOZ – Francisco.
NARRADOR – Francisco olhava ao redor mas não via ninguém. Só ouvia uma voz que dizia:
VOZ – Francisco.
FRANCISCO – Quem está aí?
VOZ – Responde: o que é melhor? Servir ao servo ou servir ao senhor?
FRANCISCO – Servir ao senhor.
VOZ – Então por que, Francisco, tu tens servido ao servo?
NARRADOR – Naquele momento ficou claro que Francisco ouvia a voz de Deus. Deus estava falando com ele. E assim Francisco se ajoelhou e perguntou:
FRANCISCO – Senhor: que queres que eu faça?
VOZ - Venha Francisco, e sirva ao Senhor teu Deus.
FRANCISCO – Sim, meu Senhor e meu tudo.
(Música)
(Francisco sai pensativo no que acabou de ouvir)
NARRADOR – Aquele momento mudou a vida de Francisco para sempre. Tudo ficou muito claro para Francisco: ele pensava que tinha tudo, mas sem Deus tudo era nada. E Francisco decidiu seguir a Deus.
Mas como? Como Francisco poderia seguir a Deus?
A resposta veio numa tarde em que Francisco rezava.
(Francisco entra e se ajoelha numa igrejinha, à frente do crucifixo, ainda com roupas normais – mas já não tão preocupado com seu aspecto).
NARRADOR – Francisco estava rezando numa igrejinha abandonada nos arredores de Assis. De repente ouviu a voz de Jesus vinda do crucifixo à sua frente.
(música no teclado – com som de órgão)
JESUS – Francisco.
FRANCISCO – Sim, mestre.
JESUS – Vai e restaura minha igreja. Não vê que ela está em ruínas?
FRANCISCO – Sim, mestre!
(Francisco se levanta e sai)
NARRADOR – Francisco começou a restaurar a igrejinha de São Damião, reconstruindo-a, pedra por pedra. Compreendeu que devia dedicar sua vida a Jesus. Compreendeu que a vida que a vida que tinha tido até ali era vazia, sem sentido. Porque só Deus é o sentido da vida. E só Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida.
E assim Francisco abandonou tudo que tinha. Renunciou a fortuna de seu pai; renunciou a antiga vida que tinha; e abraçou a vida com Deus.
(Música: parte da Oração de São Frâncico: "Senhor: fazei-me instrumento de vossa paz/ onde houver ódio que eu leve o amor/ onde houver ofensa, que eu leve o perdão/ onde houver discórdia, que eu leve a união/ onde houver dúvidas que eu leve a fé)
(Enquanto a música toca Francisco entra – agora já vestindo o traje fransciscano, e passa a contemplar tudo a sua volta)
NARRADOR – Francisco se tornou o pobrezinho de Assis. Ele não tinha nada, mas nada lhe faltava. Porque ele tinha Deus no coração – e que tem Deus tem tudo.
Francisco era feliz por ter encontrado Deus. Ele via Deus em cada coisa, em toda as criaturas. Sabia que Deus nos tinha dado toda a criação como um presente, para demonstrar o Seu amor por nós.
E chamava a tudo e a todos de irmão: irmão sol, irmão lua, irmão vento, irmã água, e todos os animas e pessoas sobre a Terra.
Francisco se alegrava com a criação de Deus. Tanto que até criou o Cântico das Criaturas.
(música: trecho do Cântico das Criaturas. Francisco declama – ou canta – parte do Cântico. Depois sai).
NARRADOR – Francisco era apaixonado por Deus, por Jesus e por toda a criação de Deus. Um dia aconteceu um fato muito interessante.
Já era noite e toda a cidade de Assis dormia. De repente o sino da igreja começou a tocar.
(som de sino tocando)
NARRADOR – Aquilo deixou os moradores preocupados. Muitos se levantaram e vieram ver o que estava acontecendo. E o sino tocava.
(o sino da igreja toca. As pessoas começam a vir até perto da igreja vestidas de roupas de dormir da época).
NARRADOR – Ninguém entendia nada. Por que o sino estava tocando daquele jeito? De repente de dentro da igreja sai Francisco e diz:
FRANCISCO – Acordem, meus irmãos! Enquanto vocês dormem estão perdendo o espetáculo que Deus criou para vocês.
NARRADOR – Ninguém entendeu nada. Mas Francisco completou:
FRANCISCO – Olhem esse céu, essas estrelas, esse luar. Como é linda a criação do Senhor nosso Deus!
NARRADOR – Algumas pessoas até olharam por um momento ou dois. Mas depois todos voltaram para cama e Francisco ficou ali, observando mais uma das maravilhas de Deus.
(Música – mais um trecho do Cântico das Criaturas. No final Francisco sai).
NARRADOR – São Francisco amava todas as criaturas de Deus. Não suportava ver os animais sendo maltratados.
Certa vez um pescador lhe deu um peixe de presente. O peixe ainda estava vivo e Francisco o aceitou. Em seguida jogou o peixe de volta para água e disse: "Vai irmão peixe: tens a liberdade de volta".
Um vez um lobo muito feroz apareceu nos arredores da cidade. O lobo devorava bichos e pessoas.
(Aparece o lobo, que pode ser um boneco – fantoche – ou uma pessoa trajada de lobo).
NARRADOR – Os moradores estavam apavorados com aquele lobo feroz.
(Francisco entra).
NARRADOR - Foi aí que chegou Francisco. O lobo ficou muito bravo. Mas o santo fez o sinal-da-cruz e rezou. Depois disse ao lobo:
FRANCISCO – Irmão lobo: eu te ordeno, em nome de Cristo, que não faças mal nem a mim nem a qualquer outra pessoa.
NARRADOR – Francisco se aproximou do lobo e esse abaixou a cabeça, manso como um cordeiro. Então disse o santo:
FRANCISCO – Irmão lobo: prometa que não vai mais atacar nem os animais nem as pessoas.
NARRADOR – Francisco estendeu a mão ao lobo. E nessa hora o lobo levantou a pata direita e colocou na mão do santo, fazendo a promessa. Os moradores ficaram surpresos com o milagre e desse dia em diante passaram a alimentar o lobo.
E vocês sabiam que foi São Francisco que fez o primeiro presépio vivo? Era Natal – e para Francisco essa era a festa mais importante de todas as festas. Então na missa de Natal Francisco encenou o presépio, com pessoas vestidas de Menino Jesus, Nossa Senhora e São José. Tinha até uma vaca e um burrinho de verdade no presépio.
(Mostrar um cartaz com a figura de São Francisco no meio do presépio vivo. Entra o ator que faz Francisco).
NARRADOR - Ele tinha tudo. E deixou tudo para trás, ficando sem nada. E ficando sem nada, teve tudo que não havia tido antes. Essa pessoa existiu. O nome dele é São Francisco de Assis: o pobrezinho que enriqueceu o mundo!
(Música: Oração de São Francisco).
Oração de São Francisco de Assis
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
NARRADOR – E agora vamos encerrar com a saudação que São Francisco gostava de usar: Paz e bem! Todo mundo junto: Paz e bem!
F I M
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