A Escola do Meu Tempo
Pr. Airton Evangelista da Costa
ANTES DE ENTRARMOS na sala de aula, ficávamos perfilados para cantar o Hino Nacional. A professora era a autoridade máxima, respeitada e admirada. A diretora, de olhar severo, semblante fechado, resolvia os casos mais complicados. Havia respeito, disciplina, decência e ordem.
Já se passaram uns sessenta e cinco anos, mas lembro-me de alguns detalhes. Nos dias de aula de caligrafia, todos levavam o tinteiro, um vidrinho cheio de tinta para molhar a pena - pequena lâmina de metal, terminada em ponta, adaptada a uma caneta. As carteiras escolares continham um lugar apropriado para colocar os tinteiros.
A sujeira fazia parte. Mãos, roupas e cadernos ficavam marcados com a tinta azul. Era indispensável o uso do mata-borrão, um papel esponjoso para absorver o excesso de tinta no papel.
Sem saudosismo, lembro-me desse tempo ao saber que hoje alunos agridem professores e os ameaçam de morte; que consomem drogas nos intervalos das aulas; que são flagrados com armas de fogo; que as agressões entre eles são uma constante. A tecnologia evoluiu; surgiram a caneta esferográfica, a internet, a televisão... E os valores morais? Evoluíram ou regrediram? As famílias estão em melhor situação? Há respeito mútuo entre pais e filhos, marido e mulher?
Não tenho parâmetro nem vivência nessa área para poder avaliar com segurança o que mudou e por que mudou. Mas confesso que tenho saudade do meu Grupo Escolar, da simplicidade da vida nos tempos que não voltam mais.
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