19 de outubro de 2018

Mensagem - Sonhos e Premonições

 

Sonhar com algo que ainda vai ocorrer; prever fatos; ver espíritos; passar por um local no qual nunca esteve e ter a sensação de que já o conhece. Diversas pessoas relatam ter vivido alguma dessas experiências. Por isso, muitas perguntam: O que são sonhos? Qual a visão budista sobre premonições?

Esse tema, de fato, é bastante complexo. Apesar de a Psicologia e a Ciência desenvolverem estudos sobre essas questões, muitas pessoas buscam compreendê-las com base na religião que praticam.

De fato, existem pessoas que têm sensitividade ou percepção aguçada. Algumas visualizam acontecimentos rapidamente; enquanto outras, mesmo que ocorram na frente delas, não os percebem. É como o ato de enxergar" há quem enxergue bem, mais ou menos ou quase nada.

Além disso, não se pode desconsiderar o vínculo afetivo entre as pessoas. Mesmo distantes, esses indivíduos estabelecem contato pelo inconsciente. Isso não tem nada de sobrenatural, é algo comum. É possível uma pessoa prevê algum acontecimento na vida de outra não por ser vidente, mas justamente devido a esse vínculo afetivo. Muitas vezes, isso ocorre no sonho por ser o momento em que a mente descansa e, então, abre espaço para manifestar o que está em seu inconsciente.

Quando uma pessoa se encontra em baixos estados de vida, ou dominada pela escuridão fundamental, não consegue ter um único momento de tranqüilidade; mesmo durante o sono, parece não ter sossego.

Dormir é uma atividade durante a qual fundimos nossa vida com o Universo e nos reabastecemos com uma vasta energia vital. Eis por que é importante estar em harmonia com o ritmo da vida e do Universo.

Nós, muitas vezes, consideramos sonhos e premonições como manifestações incomuns, pois compreendemos os acontecimentos só com base no consciente. Porém, temos o inconsciente, que age totalmente na consciência, mas não percebemos a manifestação dele tão claramente. Quando conseguimos compreender o inconsciente, de fato, percebemos muitas situações que estão além do que enxergamos apenas no momento presente.

Esse é, justamente, o objetivo da prática budista. Ao recitarmos Nam-myoho-rengue-kyo, purificamos os seis órgãos sensoriais: olhos, ouvidos, nariz, língua, pele e mente. Assim, podemos ver, ouvir, sentir todos os fenômenos existenciais com base na sabedoria do estado de Buda. Essa sabedoria não é algo sobrenatural, mas um nível de consciência que nos possibilita compreender essencialmente cada fato da vida.

De nada adianta desenvolver uma percepção aguçada, prever acontecimentos se a pessoa não puder fazer nada para mudar o futuro. Isso, provavelmente, provocará sofrimento ou sentimento de impotência.

Na perspectiva budista, ao falar de premonições, pode-se traçar um paralelo com a lei de causa e efeito. Para qualquer acontecimento, há uma causa que gera um efeito. Se tivermos consciência das causas que realizamos em cada momento, certamente poderemos prevê o futuro, conforme esta famosa frase do Sutra Contemplação da Mente-Solo citada por Nitiren Daishonin em Abertura dos olhos: deseja saber que causas foram feitas no passado, observe os resultados que se manifestam no presente. E se deseja saber que resultados serão manifestados no futuro, observe as causas que estão sendo feitas no presente.

Na Tese sobre o estabelecimento do ensino correto para a paz da nação, Daishonin tentou alertar as autoridades da época para os desastres e as calamidades que a nação sofreria por contrariarem o ensino correto. Exatamente tudo o que o Buda escreveu na Tese veio a ocorrer na época.

Seriam premonições ou a compreensão profunda da lei de causa e efeito? Acredito que seja a segunda opção.

O sobrenatural está completamente fora dos ensinamentos budistas. Aprendemos no budismo o conceito de místico, que significa algo além da compreensão, mas não que seja sobrenatural.

A mente humana é certamente misteriosa; é capaz de criar e projetar qualquer evento. Por isso, é essencial viver com base na prática budista para tornar-se mestre da própria mente, em vez de permitir que ela o domine, conforme escreveu Nitiren Daishonin em Carta a Guijo-boâ. Se agirmos dessa forma, compreenderemos que temos nas mãos o poder para transformar o veneno em remédio, e não nos deixaremos levar por pressentimentos negativos ou pensamentos pessimistas.

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