16 de setembro de 2010

Budismo - Dez estados de vida

 Dez estados de vida

Inferno — um gemido que expressa ira

11 DE SETEMBRO DE 2010 — EDIÇÃO Nº 2051

 

Base do estudo

Os Dez Estados existem em nossa própria vida e, se não mudarmos de dentro para fora, não há outra maneira de alcançar a felicidade absoluta. A base do estudo dos Dez Estados é responder à pergunta: O que é a verdadeira felicidade?


A origem do conceito dos dez estados

Os nomes de cada um dos Dez Estados aparecem no 19o capítulo, "Benefícios do Mestre da Lei": "Eles serão dotados de 1.200 benefícios de audição com os quais irão purificar seus ouvidos a fim de poderem ouvir todas as diferentes variedades de vozes e sons em um bilhão de mundos, descendo até as profundezas do Inferno Aviti, ascendendo até o Pico do Ser. E em suas partes interiores e exteriores... vozes masculinas, femininas... dos seres celestiais... dos ashuras... vozes dos habitantes do inferno, das bestas, dos espíritos famintos... vozes dos ouvintes, dos pratyekabuddhas, dos bodhisattvas e vozes dos budas". (LS19, 252-53.) Com base nessa passagem, o Grande Mestre Tient'ai da China formulou a doutrina dos Dez Mundos — a saber: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade (Humanidade), Alegria (Êxtase), Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda — existentes na vida das pessoas.


Inferno — origem do termo

O nome deste estado se originou do termo sânscrito naraka, que significa "prisão subterrânea". Esse nome expressa o estado do ser confinado, acorrentado e totalmente imobilizado. O estado de Inferno é o mais miserável de todos, no qual a pessoa permanece com as mãos e os pés acorrentados em sofrimento.


Não agir é Inferno

O estado de Inferno que o Budismo Nitiren descreve não indica uma série de circunstâncias externas ou um ambiente que surge no caminho. Ao contrário, indica uma pessoa possuidora de fraca energia vital sendo jogada de um lado para o outro e controlada por tudo que está ao seu redor, incapaz de dar um único passo para se libertar. Muitos acreditam que o Inferno exista sob a terra. No entanto, é um estado no qual a vida se afunda cada vez mais sob seu próprio peso.


O Buda Nitiren Daishonin explica

"Considerando a questão de onde estão o Inferno e o Buda, um sutra diz que o Inferno está debaixo da terra, enquanto outro diz que o Buda está no oeste. Entretanto, um pensamento cuidadoso esclarecerá que ambos existem em nosso próprio corpo. Tal como o vejo, a razão para isso é que o Inferno está no coração da pessoa que insulta seu pai e está também naquela que ridiculariza sua mãe." (END, vol. I. pág. 413.)

Uma característica marcante

O Inferno não é somente efeito de ações passadas. É também o estado interior no presente que leva a pessoa a trilhar um caminho de autodestruição, ao mesmo tempo em que provoca sofrimento ao seu redor. Em outras palavras, alguém que carrega consigo o seu próprio Inferno.


Inferno é medo e ansiedade

Ao comentar sobre a biografia do ditador Joseph Stalin, o presidente Ikeda afirma: "'Ele carregava consigo seu próprio inferno'. A maneira [como o autor da biografia Victor Serge] coloca essas palavras é magnífica. Como não confiava em ninguém, Stalin vivia com medo e ansiedade. Acreditava que poderia ser traído a qualquer momento. A dúvida e a suspeita podem reduzir uma pessoa a um estado de desesperada agonia. A identidade de uma pessoa presa no 'inferno da desconfiança' torna-se incrivelmente pequena, fazendo-a sentir como se sua vida estivesse confinada a um espaço minúsculo". (Brasil Seikyo, edição no 1.495, 13 de fevereiro de 1999, pág. 3.)


Devadatta e o estado de Inferno

Devadatta foi um dos discípulos de Sakyamuni. Por inveja, traiu e atentou várias vezes contra a vida do Buda. "Devadatta provavelmente pensava que enquanto Sakyamuni estivesse por perto, nada sairia como ele desejava. Embora Devadatta tentasse, com sua intolerância, conquistar respeito e posição, Sakyamuni sempre estava muito acima dele como se fosse as montanhas do Himalaia. Devadatta, longe de respeitar alguém que o superasse em realização, não podia tolerar a existência de tal pessoa. Essa é a deformidade de um homem invejoso. Ódio e ressentimento fizeram com que o coração de Devadatta se fechasse e congelasse. Assim é a mente de uma pessoa que está no estado de Inferno. O sentimento seria similar ao de estar com as mãos e os pés acorrentados, totalmente incapacitado de mudar a disposição de uma pessoa por si próprio. Isso representa verdadeira e unicamente o estado de Inferno." (Ibidem).


Inferno é frustração

Inferno também é o estado de alguém que, ao perceber que as coisas não saem como imaginava, colericamente culpa os que estão ao redor pelo contratempo e pela frustação. Porém, essa ira não possui a energia positiva para ser direcionada ao lado correto. Ao contrário, faz com que a pessoa fique totalmente consumida por um sentimento de impasse e futilidade, presa a emoções, sem conseguir manifestá-las.


Inferno é mágoa

Quando as pessoas deparam com circunstâncias difíceis ou ficam cercadas por dificuldades, tendem a acreditar que somente elas sofrem dessa maneira. Consequentemente, ficam magoadas com os outros e com a sociedade, fechando-se em seu próprio mundo.


Inferno é ódio

Uma pessoa que está sofrendo — devido à discórdia familiar, à doença ou à inveja — cujo coração está se contorcendo de ódio por aquilo que causou tal sofrimento, será incapaz de reconhecer que a verdadeira causa para o sofrimento existe em sua própria vida. Essa pessoa carece de energia vital que a faria perceber isso e, consequentemente, sente ira e mágoa em relação aos outros.


Inferno é ira

Além disso, há casos em que as pessoas direcionam a ira para si próprias por não conseguirem fazer algo para acabar com o sofrimento que estão passando. Nesse caso, não possuem forças para assumir a responsabilidade pela própria angústia e transformar a situação. Em vez disso, sentem apenas um frustrante ressentimento em relação a sua incapacidade, e sua vida dá vazão a um gemido de desespero.


Inferno é energia vital fraca

"Embora existam vários graus mesmo no estado de Inferno, no geral este indica um estado em que viver é o próprio sofrimento; em que tudo o que a pessoa vê a faz sentir-se ainda mais miserável. Quem está nesse estado possui uma energia vital extremamente fraca e, na verdade, aproxima-se da condição de morte. Poderíamos descrever essa ira como um gemido de uma vida que exauriu todos os caminhos possíveis para escapar do confinamento das circunstâncias que a prendem." (Brasil Seikyo, edição no 1.494, 6 de fevereiro de 1999, pág. 3.)


Como sair do Inferno?

"Essas pessoas precisam que alguém — seja quem for — esteja ao seu lado. Elas necessitam de alguém que fique ao seu lado e ouça o seu desabafo; alguém capaz de oferecer mesmo apenas umas poucas palavras de incentivo. Apenas com essa atitude é possível que a chama da vida se acenda novamente no coração daquele que está tomado por um grande sofrimento." (Ibidem).


O propósito da Soka Gakkai

"Quando as pessoas cultivam um verdadeiro sentimento de que, por pior que sejam suas circunstâncias presentes, elas não estão sozinhas — mas ligadas a outras pessoas e ao mundo —, sem falha conseguirão se levantar novamente para o desafio de viver. Esse é o poder inerente na vida. Portanto, é importante formarmos bons relacionamentos, criarmos laços de amizade com pessoas que possam influenciar nossa vida e nossa prática budista de maneira positiva e fazermos o que chamamos no Budismo de boas amizades". (Ibidem).

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